Archive for julho \11\-02:00 2009

Cordel para Patativa do Assaré

11/07/2009
Cordel para Patativa do Assaré:
Em comemoração ao centenário do poeta cearense…
Gustavo Dourado

Antônio Gonçalves da Silva:
Um criador destemido…
Grão-mestre do improviso
O Patativa conhecido…
Patativa do Assaré:
Poeta lido e ouvido…

Nasceu em 5 de março:
1909,o ano…
No Estado do Ceará:
Um poeta soberano
Exímio compositor:
Ritmo fagneriano…

A Triste Partida…Meu Protesto
O Poeta da Roça:Vou Vorá
Apelo dum Agricultor
Vaca Estrela e Boi Fubá
Coisas do Rio de Janeiro:
“Cante Lá que eu Canto Cá”…

Se Existe Inferno:
Mote/Glosas a rimar…
Peixe…Você se Lembra?
Poeta a nos encantar…
Patativa do Assaré:
Num galope a beira mar…

Inspiração Nordestina – 1956:
Primeiro livro de poesia…
Cantos do Patativa -1967:
Carrego na fantasia…
“Cante Lá que Eu Canto Cá”:
Consagrada alquimia…

Ispinho e Fulô – 1988:
Patativa e Outros Poetas de Assaré…
Cordéis – 1993:
Aqui Tem Coisa: Não é?!
Biblioteca de Cordel, Balceiro:
Ao pé da mesa, seu Zé…

Poeta bem popular:
Exímio compositor…
Filho da contradição:
Vate interlocutor…
Mote, peleja, desafio:
Faro improvisador…

Veio de família pobre:
Da arte da agricultura…
Lutou pela sobrevivência:
Sem perder sua candura…
Lavoura, subsistência:
Doença, fome, amargura…

Ficou cego de um olho:
Ainda bem pequenino…
Padeceu o sofrimento
Desde o tempo de menino…
Aos oito anos de idade:
Sofreu mais um desatino…

Antônio perdeu o pai:
E precisou trabalhar…
Para ajudar a família:
Foi a terra cultivar…
Era preciso resistir:
Para a fome não matar…

A roça era o caminho:
Para poder sobreviver…
Tempo de analfabetismo:
Poucos lá sabiam ler…
Quem não sabe a leitura:
Muito pouco pode ver…

Aos 12 anos na escola:
Começou a aprender:
Logo é alfabetizado:
Passou a compreender
A arte da Aritmética:
Matematiza o viver…

Fluiu criatividade:
No ritmo do improviso…
É a poesia que nasce:
Sem licença, sem aviso:
Mistura verso e dor:
Sem perder o seu sorriso…

Repente, cordel, cantoria:
Começa a se apresentar…
Eventos, festividades:
Patativa está no ar…
É ouvido na Araripe:
Por Arraes de Alencar…

Por volta dos 20 anos:
É chamado Patativa…
O seu canto tem beleza:
Sua poesia é altiva…
Patativa do Assaré:
De poesia sempre-viva…

No Cratoe no Juazeiro:
Poesia de arte fina…
Publica o primeiro livro:
Inspiração Nordestina…
Os Cantos do Patativa:
Com a verve cristalina…

Patativa do Assaré:
Novos poemas comentados…
Em coletânea poética:
Textos bem apreciados…
“Cante lá que eu canto cá”:
Os seus versos consagrados…

Nove filhos com Belinha:
Esposa de toda a vida….
Amava o Cariri:
A sua terra querida…
Memorizava o verso:
Fez da arte sua lida…

Nordestino Sim, Nordestinado Não:
Apelo dum Agricultor…
Vaca estrela e Boi Fubá:
De A Triste Partida, criador…
Coisas do Rio de Janeiro:
Versos de um cantador…

Se Existe Inferno, Você se Lembra?
Peixe, A Terra é Naturá…
Tantos versos pela vida:
Meu Protesto, Vou Vorá…
O Poeta da Roça, Mote/Glosas:
Cante Lá que eu Canto Cá…

Patativa e Outros Poetas de Assaré:
Ispinho e Fulô, Balceiro…
Aqui tem coisa, Cordéis:
Poetás bem brasileiro…
Biblioteca de Cordel:
Lido até no estrangeiro…

Antologia Poética de Patativa:
Digo e Não Peço Segredo
Ao pé da mesa, com Geraldo:
Foi poeta sem degredo…
Um vate de alta verve:
Homem que não teve medo…

Cidadão de Fortaleza:
“Medalha da Abolição”…
Enredo de Escola de Samba:
Honoris Causa do Sertão…
Homenagem da SBPC:
Pela arte da criação…

Memorial Patativa do Assaré:
Prêmio do Ministério da Cultura:
No Teatro José de Alencar:
A voz da literatura…
Prêmio Unipaz no Ceará:
Holismo, terra, ternura…

Diploma de “Amigo da Cultura”:
“Medalha Francisco de Aguiar”:
Troféu “Sereia de Ouro”:
Prêmio da Cultura Popular…
Em o “Cearense do Século”:
Tirou Terceiro Lugar…

“Biblioteca Pública Patativa do Assaré”:
“Artista do Turismo Cearense”:
Prêmio FIEC, Fortaleza:
Cidadão Norte-Rio-Grandense…
Honoris da UFC e da UECE:
Cidadão caririense…

Título de Doutor em Sergipe:
“Cidadão Empreendedor”…
Troféu do MST:
Pela terra, lutador…
Medalha Ambientalista:
Poeta preservador…

Doutor Honoris Causa:
Títulos e premiações…
Fama e homenagens:
Glórias e celebrações…
Foi poeta popular:
Das cidades aos sertões…

Poeta da agricultura:
Do verso foi lavra-a-dor…
Palavrava a poesia…
Cultivava a sua dor…
Venceu a morte com arte:
Cantou a vida e o amor…

Poesia de sapiência:
De sabença popular…
Memória de elefante:
Mestre no improvisar…
Oralidade fluente:
Feito as ondas do mar…

Dominava o soneto:
A linguagem corporal…
Voz, pausa, entonação:
A expressão facial…
Apreciava Camões:
Foi poeta sem igual…

Metrificava com classe:
Religião, filosofia…
A terra, a fome, o sertão:
A luta do dia a dia…
Praticava a poética:
Ia além da teoria…

Foi poeta veemente:
E mestre na ironia…
Sextilha, décima, soneto:
Era bom no que fazia…
Feiticeiro da palavra:
Um mago da poesia…

Gustavo Dourado
http://www.gustavodourado.com.br

sobre a obra
Homenagem do poeta Gustavo Dourado ao poeta Patativa do Assaré.

tags: Brasília DF poesia patativa do assare gustavodourado ceara crato juazeiro

Ilha da Fanta$ia…

11/07/2009

Ilha da Fanta$ia…

http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=4079

Por Gustavo Dourado

Protagonizam o crime:
Fazem a politicagem…
Gastam bilhões para nada:
É crescente a malandragem:
Desviam recursos públicos:
Só aumenta a rapinagem…

Processos e mais processos:
Vivem na ilegalidade…
Roubam o contribuinte:
São ases da improbidade…
Quadrilhas engravatadas:
Vivem de trivialidade…

Escândalos de todo tipo:
São segredos de Estado…
São enigmas na Justiça:
Está tudo combinado…
Penitência para o pobre:
Poder ao endinheirado…

Luxo, farra, diversões:
Na Ilha da Fantasia…
Um defende sempre o outro:
Lutam pela mordomia…
Lagosta, uísque, caviar:
Gula na gastronomia…

Milhares de atos secretos:
Reino da imoralidade…
Vergonhosas atitudes:
Antros de vulgaridade…
Feitorias dos poderes:
Cancros da sociedade…

Coronelismo pós-moderno:
Chicanagem e arrogância…
Corrupção permanente:
Da 1ª à última instância…
Lacaios do entreguismo:
Mentores da ignorância…

Escravizam os e-leitores:
Com a mídia serviçal…
Comandam as televisões:
Rádios, web e jornal…
Patrocinam a sacanagem:
E a baixaria cultural…

Legislam em causa própria:
Fazem o pelo signal…
Adoram deuse$ diabos:
Os sortilégios do mal…
Geram o analfabetismo:
O desemprego letal…

Trem da alegria nos trilhos:
Comissões de indecência…
Concentram poder e renda:
Provocam a violência:
Causam a fome e o medo:
Senhores da imprudência…

Total falta de respeito:
Império da desventura…
A Educação capenga:
Saúde na sepultura…
Cresce a criminalidade:
Tudo se desestrutura…

Fidalgos da mais valia:
Lucram com a exploração…
São mercadores da lei:
Fazem a alienação…
Um exército de robôs:
Na frente da televisão…

Escrevem artigos nos jornais:
São sempre entrevistados…
Mentem com desfaçatez:
Quase sempre elogiados…
Seus espaços são cativos:
Maus atores deslumbrados…

Violação do direito:
Crime generalizado…
Sociedade conivente:
Leniência do Estado…
A Lei funciona bemal:
Ao pobre trancafiado…

Eterno país do futuro:
Fica tudo empacado…
Esgotos a céu aberto:
O povo deseducado…
Culto ao sensacionalismo:
Crime televisionado…

A ciência na sarjeta:
Conhecimento relegado…
Pão e circo para o povo:
Cultura posta de lado…
A educação na lixeira:
O sonho nos é roubado…

Crianças morrem de fome:
Vivem no lixo e na esmola…
São vítimas da violência:
Sem família, sem escola…
Canalhordas sem piedade:
Dão ao povo “craque” e “bola”…

As drogas tomaram conta:
De nossa realidade…
Aumenta a pedofilia:
Aprisionaram a verdade…
Censura prévia na mídia:
Haja imoralidade…

A educação para eles:
Nunca é prioridade…
Só discurso e promessas:
Colorem a leviandade
Só cadeia para o povo:
Fantasmas de liberdade…

Juros, taxas e impostos:
Nos bancos da amargura…
O lucro dos poderosos:
Leva o povo à sepultura…
É difícil sobreviver:
A tanta descompostura…

Corruptos mal diplomados:
De gravata e jaquetão…
Os colarinhos bem sujos:
Malfeitores da Nação…
Phds em mamatas:
Dólares no cuecão…

No futuro antevejo:
Uma nova sociedade…
Um povo bem educado:
O fim da desigualdade…
Sem crise e violência:
Foi só sonho, que saudade…

Gustavo Dourado é escritor, poeta, cordelista, pesquisador, jornalista, professor. Autor de 12 livros e centenas de cordéis. Selecionado pela Unesco. Premiado na França, Alemanha e na Áustria. Tema de tese de mestrado e doutorado no Brasil e no exterior. Colunista do Cronópios. Colabora em jornais e revistas e em diversos sites, blogs e portais da internet.
Mantêm o site www.gustavodourado.com.br e o blog http://www.dzai.com.br/gustavodourado/blog/gustavodourado Antologia poética na Web: www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/gustavodourado.htm E-mail: gustavodourado@gmail.com